quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A leitura e o virtual

Exemplo de resenha:

A leitura e o virtual na atualidade

SILVA, Ezequiel Theodoro da. A leitura no mundo contemporâneo. In: Leitura e Literatura Infanto-juvenil. PPGL / UFES, 1998.


Gerferson Neftali


Desde que a leitura foi “inventada”, organizou-se cada vez mais com recursos para facilitar a sua realização. Inicialmente não havia a separação entre as palavras, a pontuação, a organização em parágrafos, capítulos, índices, páginas. Esse foi um processo de facilitação da leitura ou de articulação da mesma. A leitura é um objeto cultural, portanto, criado pelo homem e nenhum objeto cultural permanece estático desde a sua criação.
Dessa forma, no texto “A leitura no mundo contemporâneo”, Ezequiel Theodoro da Silva busca lançar mão da apreciação dos recursos facilitadores da leitura e da sua relação com a atualidade.
O autor inicia seu texto mostrando que a leitura no texto eletrônico é uma leitura completamente diferente da que é feita de um texto impresso. O texto impresso tem uma estrutura linear, permite que se volte a ele que se faça uma releitura. O mesmo não acontece com o escrito virtual. Os dois suportes mostram dois diferentes modos de ler. “Ler um livro ou qualquer outro material impresso não é a mesma coisa que ler um texto via computador”.
Em nossa sociedade multimídia qualquer produção ou criação pode ser realizada de diferentes formas. Uma experiência torna-se um filme, transforma-se em livro, vira um jogo que depois dá origem a uma história em quadrinhos e a outros textos e filmes “adaptados”, “inspirados” uns nos outros. Nem sempre se percebe onde essa cadeia de atualizações começou. As criações podem ser simultâneas e uma alimenta a outra. Nem sempre há um único autor, dono da idéia original, mas, há sim, vários criadores que são também autores. Cada nova leitura pode, porém, contemplar diferentes seleções e fazer diferentes atualizações.
Em seguida, o autor demonstra que os recursos tecnológicos têm uma importante, mas não excludente função na propagação da leitura. A internet é uma tecnologia intelectual que virtualiza a função cognitiva da leitura. Para mostrar que essa virtualização de uma função cognitiva não é algo tão novo e apenas relativo à internet, basta remeter à escrita, mostrando como ela foi uma tecnologia que exteriorizou e virtualizou a função cognitiva da memória. No entanto, ao exteriorizar uma atividade intelectual tal “tecnologia” transformou a própria função cognitiva. A escrita é uma virtualização porque com esta houve a separação parcial de um corpo vivo. ”A possibilidade de interatividade faz nascer processos cognitivos específicos do lado do leitor, conforme as suas metas de exploração ou pesquisa”.
A aprendizagem, a leitura tem necessariamente que obedecer a etapas pré-definidas ou podem ser recriadas ao longo do processo de forma múltipla e tomar diferentes caminhos? “Os maiores desafios das transformações aqui discutidas ficam por conta da educação e, mais restritamente, do ensino”. A escola sempre atuou com modelos pré-estabelecidos da cultura letrada, o que acabou por distorcer a sua função inicial para fazê-la trilhar um caminho completamente inverso. Ao invés de estimular a leitura, a escola passaria a fazer o aluno perder o gosto pela mesma.
A questão que se coloca aqui é o nascimento de uma nova noção de texto e de aprendizagem também.
Portanto, é de suma importância desenvolver em nós uma “cultura de leitura”, pois só assim seremos aprendizes e formadores de opinião em todo ambiente social e democrático que estivermos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário